segunda-feira, 10 de março de 2008

Eu ?

Hoje eu sei, ela acordou com o pé esquerdo.




Largou um bocejo de graça, não há ninguém que o faça melhor.
Estranhou o piso, escorregou um pouco mais voltou o equilíbrio...

É que a noite passada não agradeceu ninguém.
Se esqueceu do que sempre a fazia bem...




Por hora, gostaria de voltar e deitar naquela cama macia
Mas são tantas coisas mais frias do que o banho que ia tomar, que pra ela o mundo estar girando rápido ou de vagar, não mais importa, deseja agora e agora faz, agora investe em uma loucura a mais, pois bem, assim que se faz...não ?

Desceu as escadas e sentiu o chão gelado, subiu e pegou um par de meias, meias curtas com bordinhas claras, colocou sobre o pé, modificado, quente agora pronto, pode andar sobre o chão que um dia foi de tanto amor direito, ao mesmo tempo leito de muita amargura. "Que loucura" pensou ela, como pode tão pouco espaço ter de tanto acaso, sentimentos raros dentro frascos feitos sobre sentimentos vastos ? As vezes rotulados como "Veneno", as vezes como "Amor". Era o que queria entender, sempre quando sentia a dor.


Se relacionou com o prato de comida, com a mesa, com o copo, com as fotos, com as flores, com a grama, com a casa, com a cama, com o mundo, com a mãe, com o pai, com quem chama e com quem clama, com quem leva e quem desfaz, com quem ama e quem não ama mais, com o forte e com o fraco, com a graça e com quem à faça, com os cães, com os bichos todos, com todos os tolos, com quem nada faz, com quem diz que é capaz, com a praia, com a saia, com a marca, com a bolsa, com a dança, e com quem canta, e com quem toca, e com quem nada sabe do mundo...

Mesmo assim acordou torta.


A necessidade de entender o que aconteceu
É a força que existe pro que plantou, não morrer...

Ela acreditou que a vida ocorre na gente
Sem saber que sem a gente, não ocorreria nada na vida.


Agora está de noite, e esperando ansiosa para o sono

Para que a noite traga, o sonho que sempre teve
Do mundo que sempre sonha.

Só lhe resta agora entrar no ciclo humano de obrigações cíclicas, e ora vez, cair sobre o chão malícia, de uma noite quente, de música explicita, para mais uma vez dormir e acordar com o pé esquerdo, sobre o chão azedo de uma casa fria...



Jogando pra lá e pra cá.

Até finalmente achar, o que no mundo veio pra ser...



Se esquecendo sempre de agradecer.